O Silêncio do Adeus

O silêncio da tua ausência é a melodia mais triste que já ouvi.

ESCRITO 1

Há almas que amam com a força dos gestos, como fazias tu, meu bem, e outras que se entregam à melodia das palavras, como eu. Mas existe um amor que transcende a linguagem, que se expressa em um idioma universal, um idioma que pulsa no coração e se revela em cada olhar, em cada toque, em cada sussurro. Se o tempo voltasse, te amaria com a intensidade dos atos e a poesia das palavras, te envolveria em um abraço de ternura e te cobriria de versos apaixonados.

Seria mais prático, mais presente, mais real, mas o tempo é um rio que segue seu curso, e eu me encontro aqui, neste espaço que criei para te amar, um espaço onde os dois mundos se entrelaçam, onde os atos e as palavras se fundem em um só.

Talvez para ti isso não seja muito, mas poder expressar o que sinto sem invadir a distância que escolheste também é uma forma de te amar, uma forma de te lembrar da força do meu amor. Vou te escrever todos os dias, quantas vezes forem necessárias, para tentar preencher o vazio que a saudade deixou em meu coração. Sentar-me e escrever é como te tocar, é como te abraçar, é como te sentir perto, mesmo que a distância nos separe.

Quero que um dia, quem sabe, possas dizer: "Existiu alguém que se sentou todos os dias para pensar em mim e expressar o que sentia. Alguém neste mundo que, mesmo que eu não tenha escolhido mais, continuou me amando até se esgotar." E mesmo que tudo isso exista agora só no meu mundo, sei que em um futuro, espero que não tão distante, essas palavras e esses textos te farão sentir um pouco mais amado, um pouco mais próximo, um pouco mais meu.

ESCRITO 2

Que difícil é amar alguém quando as feridas do passado te impedem de expressar esse amor de forma saudável. Que duro é perceber que os véus que te protegiam te impediram de ver o outro, mesmo que a mente não conseguisse, o corpo e a alma te reconheciam. Em cada toque, em cada beijo, em cada encontro de nossos corpos e suor, em cada olhar, meu corpo respondia sem armaduras, sem barreiras. O tempo parava, o mundo se apagava, só existias tu, eras meu tudo nesses momentos, nada mais importava.

E como um rio que encontra o mar, nossas almas se fundiam em um abraço quente e profundo. Era como se, em cada encontro, a chama da paixão incendiasse nossos corações, e cada sussurro, cada olhar, fosse um poema de amor escrito em nossos corpos. E agora compreendo o porquê dessa conexão tão forte, nossas almas e nossos corpos transcendem as dores e as armaduras. Era como se ao deixarmos cair as roupas, deixássemos cair também o passado, os medos, as defesas. Desnudávamos a alma e era belo, era sublime.

De alguma forma, te amei e pensar assim me conforta, porque a cada vez que te via te entregando a mim, eu via a tua alma, eu via o teu coração. E em cada batida do meu coração, ecoava a tua presença, a promessa de um amor que jamais se esqueceria.

ESCRITO 3

Me enamorei no dia em que te vi ansioso por estar comigo.
No abraço na praia, mostrando ao mundo que eras meu.
Nos teus dedos mágicos, massageando meus ombros cansados.
Na tua torta favorita, dividida em dois, para nós.
Em tua criatividade, a cada busca por uma chave, apenas para que te visse.
Na tua casa, no teu mundo, preparando a janta só para mim.
Nas histórias do teu passado, revelando a tua alma.
Na localização que me enviavas, me aproximando de ti.
Nos teus planos, sempre me incluindo em cada dia.
Nos sonhos de viagens, pra Paraty.
No teu sono tranquilo, enquanto víamos um filme juntos.
No ciúme que te dominou, na primeira reclamação.
Na tua bolsinha do amor, que te acompanhava por todos os lados.
Na tua liberdade sexual, buscando preencher a tua alma.
Na primeira vez que te vi na profundidade dos teus olhos.
No teu reflexo no espelho da academia, forte e belo.
Nas fotos que me enviavas, mostrando a tua força.

Poderia passar horas descrevendo os milhares de momentos em que te vi sem armaduras, mostrando o teu coração.
Me apaixonei por ti quando abrias a tua alma..

ESCRITO 4

Escrever é como esculpir a tua ausência em meu coração, um poema de dor que te arranca de mim, gota a gota, como um rio que se esvai para o mar. Cada palavra é um sussurro que ecoa no vazio que deixaste, um grito silencioso que tenta te alcançar, mesmo que a distância nos separe.

Queria te arrancar do meu peito, não como um pedaço de carne, mas como um sonho que se desfaz ao amanhecer, um desejo que se esvai com o vento. Queria esquecer o teu cheiro, a tua voz, o teu sorriso, mas a memória te teima em guardar, como um tesouro que não quero perder.

Aceitar a lógica do destino, que nos separa como um mar que divide continentes, é como navegar em um barco à deriva, sem bússola, sem rumo. Mas talvez essa seja a jornada, a prova de fogo que nos leva à redenção. Espero que um dia, quando as feridas cicatrizarem, possamos nos reencontrar, como flores que renascem da terra, mais fortes e belas do que antes.

ESCRITO 5

A sua falta de clareza me machucou, como um corte profundo que sangra sem parar. Não sei se doeu mais a sua dificuldade em se abrir, em confiar em mim, ou a sensação de que as poucas vezes que você falou comigo foram para me ferir. As suas palavras, vindas da dor, do medo e da defesa, me atingiram como flechas envenenadas. A sua última carta, cada palavra escolhida para me machucar, ainda me assombra.

Entendo que você tentou se proteger, se afastar, me esquecer, mas a sua forma de me destruir me dói mais do que qualquer outra coisa. Enquanto você me afasta, eu te escrevo todos os dias, na esperança de que essas palavras te tirem da dor e te abram para uma nova chance. É frustrante, doloroso, saber que, mesmo com as suas tentativas de se afastar, eu ainda te escolho, ainda te amo.

Sei que a sua dificuldade em se comunicar faz parte de você, e não quero te pedir para mudar. Quero te aceitar completamente, te respeitar, mesmo que me doa. Somos todos um pouco narcisistas, presos em nossos próprios sofrimentos. Mas se pudéssemos olhar para além da dor, entender com o coração, dar uma chance ao outro, tudo seria diferente. Acredito que essa experiência foi necessária para que você se encontrasse, e sei que isso faz parte do seu crescimento.

A sua partida foi um terremoto que abalou meu mundo, mas também um despertar. A sua ausência me machuca, mas também me força a me reerguer, a me curar. E sei que, em breve, as flores do nosso amor renascerão, mais fortes e belas do que nunca. Mas, por enquanto, a dor me consome, e a sua ausência me deixa em pedaços.

ESCRITO 6

Hoje, a ficha caiu. Me vi preso em uma teia de apego evitativo, um labirinto de emoções que me impede de amar livremente. A primeira luz no fim do túnel é a consciência, a decisão de romper as correntes que me aprisionam e mostrar o meu amor com ações, não só com palavras.

Te contei a minha história, abri meu coração como um livro em branco, e continuo a fazê-lo em cada palavra que te escrevo. É a minha forma de te mostrar o que sinto, de reprogramar esse código defeituoso que me impede de amar.

Não sei se você sente algo, se ainda me guarda em algum canto do seu coração, mas naquela última conversa, seus olhos se desviaram dos meus, como se estivessem escondendo um segredo. Talvez você tenha me bloqueado para se proteger, para evitar a dor, mas me conforta pensar que você me bloqueou porque ainda sente algo, porque eu ainda te machuco.

Aceitar que me dei conta tarde demais, que desperdicei oportunidades de construir um futuro com você, é como ter um pedaço do meu coração arrancado. Imagino o nosso reencontro casual, as palavras que te diria, as mensagens que te enviaria, as propostas que te faria. Sonho com o cinema, a praia, a nossa primeira viagem, tudo tão diferente.

Mas a realidade me acorda, e o tempo escorre pelas minhas mãos como areia fina. Hoje, me ajoelhei e chorei, como uma criança que busca consolo em Deus. Pedi que, mesmo que não voltemos a estar juntos, nos dê uma última conversa, um abraço, um olhar de despedida.

ESCRITO 7

Existe uma teoria que diz que para deixar de amar alguém, você precisa desidealizá-lo, buscando na pessoa amada tudo o que ela tem em comum com o resto do mundo, uma forma de homogeneizá-la. Tento ver os aspectos negativos que poderiam me desagradar em você, aqueles que criticaria em outros, mas não adianta. Por mais que os veja, meu coração te ama. Como é possível ver o "negativo" com olhos de amor?

E então me dou conta de que essa é a essência do amor: a escolha consciente do outro, vendo-o em sua totalidade, tal como é. É fácil amar alguém que se encaixa nos nossos padrões, mas amar alguém em seus defeitos é algo profundo e real.

Às vezes sinto que essa sua decisão de se afastar de mim é uma forma de não conseguir me amar nas minhas feridas, de não conseguir me acompanhar nas minhas mudanças e crescimentos. Mas depois entendo que as pessoas são mais complexas do que pensamos, e que muitas vezes nos proteger é o único caminho, e que até mesmo isso é uma forma saudável de nos amar.

Só desejo que a sua decisão de se afastar seja tomada com essa consciência, de estar se escolhendo, se amando, e não por uma proteção contra a dor de uma ferida que você ainda não consegue ver e da qual me responsabiliza.


ESCRITO 8

O teu sorriso, meu bem,
Era a flor mais rara que vi em meu jardim.
A vida era mais bela, ao ver teu sorriso,
Um sol que me aquecia, um bálsamo em meu ser.
Mas a saudade agora me faz sofrer,
Como um pássaro preso em gaiola sem luz.

Ternura pura, um anjo a me querer,
Mas a lembrança da tua risada me consome.
A risada de um menino, em homem maduro,
Um brilho que me enchia de puro fulgor.
Fecho os olhos, e te vejo sorrir,
A melodia da tua voz, a me conduzir.

Um sorriso tímido, com leve pudor,
Como se a felicidade te fizesse tremer.
Um sorriso que nasce de um momento feliz,
Um raio de sol, que me faz querer sorrir.

Ver-te feliz nas coisas simples da vida,
Era a mais sublime arte que eu já conhecia.
A tua alegria, um presente divino,
Um bálsamo que curava o meu destino.
Mas agora só me resta a lembrança,
E a dor da saudade que me consome.
O teu sorriso, meu bem,
Era a flor mais rara que vi em meu jardim.

ESCRITO 9

Você conhece a história da caixa de Pandora? Aquela que diz que a esperança era o pior dos castigos? Agora compreendo. Estou travando uma batalha comigo mesmo para não te deixar ir, uma parte de mim deseja te arrancar dos meus pensamentos, enquanto a outra parte se agarra à esperança de que o tempo e a vida nos dêem outra chance.

É como se eu tivesse aberto a caixa de Pandora, liberando todos os males do mundo, e a esperança, a última a sair, me tivesse amaldiçoado com a lembrança da tua presença. Cada lembrança, cada sorriso, cada toque, é como um espinho cravado na minha alma, me impedindo de seguir em frente.

A esperança, que antes me guiava, agora me tortura. É um fio de luz que me cega, me impede de ver a realidade. A cada tentativa de te esquecer, a esperança me puxa de volta, me mostrando um futuro que talvez nunca exista.

É como se eu estivesse preso em um ciclo infinito de dor e esperança, um carrossel que gira sem parar, me levando para cima e para baixo, sem me deixar descer. A esperança, que antes era um bálsamo, agora é um veneno que me consome.

Talvez seja preciso me libertar da esperança, como Pandora se libertou da caixa, para que eu possa finalmente me curar. Mas, por enquanto, a esperança me prende, me faz acreditar em um futuro que talvez não exista, me impede de seguir em frente.

ESCRITO 10

Acordei em um mar de cinzas,
Onde o teu cheiro se esvai,
E o teu corpo, antes tão próximo,
Agora só existe em meus sonhos.

Odeio a solidão que me invade,
O vazio que teima em me engolir,
Odeio a saudade que me sufoca,
E a lembrança que me faz chorar.

Odeio a rigidez da tua ausência,
A impossibilidade de te ter,
Odeio a dor que me consome,
E a esperança que me faz sofrer.

Odeio pensar que um dia te encontrarei,
E não saber o que dizer,
Odeio sonhar com um futuro que não existe,
E com um amor que não pode ser.

Odeio a maldita esperança,
Que me faz acreditar em um amanhã,
Que me impede de seguir em frente,
E me condena a essa eterna dor.

ESCRITO 11

Dizem que o cérebro precisa de 21 dias para criar um novo hábito, e acho que uma parte de mim sabia disso. Por isso, em cada uma de nossas brigas, eu me ausentava apenas duas semanas, porque não queria criar o hábito de não te ter. Mas desta vez, me propus a esperar um mês, um mês para criar o hábito de não ter você. Um mês para que você também possa se reprogramar de mim.

Os dias parecem se arrastar, mais lentos do que nunca, como se o tempo estivesse conspirando contra mim. Você disse que o tempo me ajudaria a te esquecer, mas o tempo também está se esquecendo de mim, e eu já não sei o que fazer para segurar essa chama que me consome. Em vez de sentir que te estou esquecendo, sinto um fogo dentro de mim que se intensifica a cada dia que passa, um fogo que me devora por não te ter.

Se tudo isso é um castigo ou um aprendizado, quero que saiba que estou pagando o preço. E se isso é simplesmente o fim, quero que saiba que estou me consumindo e preciso da sua ajuda para escapar das chamas.

É uma ironia cruel: o tempo que deveria me curar, me consome. A distância que deveria me libertar, me aprisiona ainda mais. A esperança que deveria me dar força, me deixa fraco e desesperado.

Você me disse que o tempo cura todas as feridas, mas parece que o tempo só me machuca mais.

ESCRITO 12

Acho que preciso reposicionar a minha maneira de ver essa situação. Quero parar de escrever a partir da dor, quero te escrever a partir do amor. Quero te lembrar da beleza que você é, das descobertas que fiz sobre o seu ser. Quero escrever para a sua criatividade, para os seus olhos, que brilham como estrelas no céu noturno, para as suas mãos, que tecem a vida com delicadeza, para a sua mente cartesiana, que pensa com a lógica de um engenheiro, para a sua praticidade, que resolve problemas com a precisão de um cirurgião, para a sua voz, que me encanta como uma melodia suave, para a sua simplicidade, que me acolhe como um abraço quente, para as suas dores, que me fazem sentir próximo a você, para a sua maneira de amar, que me envolve como um rio que me leva para a felicidade.

Quero deixar de sentir a sua falta, porque de alguma forma estou me reposicionando, não no que estou sentindo, como se de alguma forma te responsabilizasse pela minha dor, como se associar a dor fosse uma associação direta ao amor, como se quanto mais doesse, mais eu te amasse. E talvez a dor seja a outra face do amor, e talvez conectar com a dor nos faça conectar com o amor, mas hoje quero dar um passo em direção ao amor. Quero parar de te escrever a partir dessa dor, quero te escrever a partir do amor, porque você merece amor e cuidado. Seus olhos precisam ler o quão belo e importante você é, porque o que você merece é amor, e é isso que quero te dar.

Não sei se essa mudança será ainda mais complexa para mim no processo de te deixar ir, mas o amor não pode nos fazer mal, o amor não faz mal. Então, meu objetivo daqui para frente é te escrever a partir do amor que sinto por você e não mais da face sombria da dor. Como um barco que navega em um mar tempestuoso, preciso encontrar um novo rumo, um novo porto seguro. E esse porto seguro é o amor, o amor que te dedico, o amor que você merece.

ESCRITO 13

Lembro do dia em que te esperava na porta da academia, e você chegou de bicicleta. Ver você chegar foi a coisa mais linda que senti. Parecia que o tempo estava se parando para que eu pudesse te ver caminhando, os movimentos do seu corpo eram mais suaves, seus olhos mais intensos, e o seu sorriso, um suspiro de alegria por nos reencontrar. Em um instante, o tempo volta ao seu curso normal, e a sua energia, acelerada, mas contida para me ver, me faz sentir tão seguro. É como se, na sua presença, o meu mundo e os meus problemas desaparecessem.

As suas conversas simples, descontraídas, têm uma leveza que te tiram da profundidade, como um "calma, que tudo vai ficar bem". Adorava te ver mostrando os seus progressos físicos, podia sentir o seu orgulho. E me lembro de te dizer: "Para mim, você sempre está lindo". "Eu gosto de você de todas as formas, gosto de você dormindo, despenteado, com pelos, depilado, bravo e feliz. Gosto de você quando, na sua raiva, você fala tão rápido que não consigo entender nada do que está dizendo, e o tempo para de novo, e me perco em você, no som da sua voz, nos seus gestos, nos seus movimentos, no seu ser."

Você me enchia de uma paz que eu nunca havia sentido antes, me fazia acreditar que tudo era possível, que a felicidade estava ao meu alcance. E eu me perdia em você, em cada detalhe, em cada momento.

ESCRITO 14

A tua presença me transformou, me fez uma pessoa melhor do que eu era. Ideias que não existiam começaram a florescer na minha mente e no meu coração, como brotos que rompem a terra árida em busca do sol. Não consigo parar de imaginar vivendo aqueles momentos simples que me enchem de felicidade, com você ao meu lado, como um jardim florido sob o sol da primavera.

Quando me perguntam se estou com alguém, meu coração se enche de um rio de emoções, e meus olhos brilham como estrelas no céu noturno. Respondo que, por enquanto, não estou com ninguém, mas que estou profundamente apaixonado por um homem. Faz anos que não me vejo falando de alguém com tanta intensidade, e essa magia, de alguma forma, aconteceu com você.

Independentemente do que aconteça, você faz parte dessa transformação na minha maneira de perceber a vida e como quero vivê-la. E, mesmo que não seja com você, de alguma forma será possível, por causa da sua presença na minha vida.

Hoje vi as folhas de uma árvore caindo, e me perguntei: será que a árvore sofre com a perda de suas folhas? Ou será que ela sabe que elas se transformarão em terra para alimentá-la, e de alguma forma se fundirão novamente com ela? Gosto de pensar que, como essa folha que, com o tempo, se transforma em terra, esse amor que sinto por você vai se transformar e voltar para nós de alguma forma. E, mesmo que sejam outras mãos, outros olhos, outra boca, a capacidade de me permitir essa construção com alguém mais sempre será consequência da transformação que o seu amor me deu.

Ainda sonho que seja você, mas estou aprendendo que amar também é respeitar os tempos e as decisões dos outros. Ainda estou aqui te esperando, ainda não renuncio, ainda guardo a esperança de um novo renascer. Como um pássaro que espera a primavera, eu aguardo o momento em que nossos caminhos se cruzem novamente.

ESCRITO 15

Os dias vão passando e as emoções se acalmam, como o mar que se aquietou após a tempestade. Agora posso respirar, ainda que a angústia persista em meu peito, como um eco distante. Você continua a viver em minhas lembranças, e minha mente agora te observa de um lugar de calma, como quem contempla a beleza de um amanhecer, entendendo que jamais poderá tocá-lo, e que só poderá sentir a plenitude em tentar, ao menos, contemplar sua beleza.

Hoje me lembro de você, lembro do seu sorriso, da sua voz, dos seus olhos. Hoje te contemplo e te deixo ir em cada suspiro, como um barco que se afasta da costa, levando consigo a saudade. Vejo o desejo de estar contigo morrer lentamente, como uma flor que murcha ao final do verão. E sinto que uma parte de mim também se despede, como uma folha que se desprende da árvore, deixando para trás a lembrança da sua força.

Quero apenas guardar o que foi belo em você, e me intriga a impossibilidade de conhecer todos os seus recantos, aqueles a que não tive acesso. A palavra "aceitação" me vem à mente, mas é uma aceitação que abre as portas para a esperança de um novo começo, como um jardim que floresce após o inverno.

Mesmo com a dor da despedida, a vida continua. E, talvez, em algum outro amanhecer, as nossas histórias se cruzem novamente.

ESCRITO 16

Hoje me dei conta de algo, algo que me fez enxergar a vida com novos olhos. Percebi que tudo o que pensamos sobre o outro, tudo o que analisamos, não passa de uma interpretação do que somos nós mesmos. Como um espelho que reflete a imagem do observador, nossas percepções são moldadas pelas nossas próprias experiências, crenças e emoções.

Podemos interpretar as situações da vida a partir do amor, como um jardim florido que se abre ao sol, ou a partir de nossas feridas, como um terreno árido que se recusa a florescer. Podemos alimentar nossos medos e dores, ou nos flexibilizar, como um bambu que se curva ao vento sem se quebrar.

Nada do que imagino é real, reside apenas na minha mente, como um castelo de areia que se dissolve com a maré. O único real é o presente, o agora. Entender e aceitar isso me permitiu, de alguma forma, estar menos ansioso, esperando um futuro imaginário, como um pássaro que se liberta da gaiola e voa em direção ao horizonte.

Que meu agir seja limitado pelo medo da interpretação do outro é um fardo pesado, como uma âncora que me prende ao fundo do mar. Repensar quem estou sendo e o que tenho para dar me reposiciona, como um barco que muda de curso em busca de um novo horizonte. Poder me olhar com meus próprios olhos e entender que não tenho nada a reparar, porque minha intenção nunca foi te machucar, me alivia, como um raio de sol que rompe a escuridão.

Hoje te escrevi sem esperar respostas, como um rio que segue seu curso sem se preocupar com o destino. Hoje te escrevi para que saiba que vou te amar, estejas ou não, porque se sinto amor, é porque ele reside em mim, como uma chama que arde em meu coração. O tempo vai passar, e as emoções se acalmarão, como o mar que se aquietou após a tempestade. Mas, sempre, independentemente de tudo, vou te lembrar com amor, como um farol que guia o caminho na escuridão.

E desejo, desejo muito que seja feliz, mesmo que eu não esteja aí.

ESCRITO 17

Ontem te escrevi, mas o seu silêncio não me feriu. Compreendi que devo confiar na sabedoria da sua alma, na sabedoria da minha alma e nos nossos aprendizados.

Entendi que amar alguém não significa que essa pessoa vai sentir amor em troca. É como um pássaro que canta para o sol, sem esperar que o sol cante de volta. Entendi que demonstrar com clareza não garante que o outro possa receber o que oferecemos. É como uma semente que cai em solo árido, e não encontra condições para germinar. Entendi que não podemos mudar as imagens que o outro tem de nós. É como tentar pintar um céu azul em uma tela que já foi pintada de cinza.

Entendi que só posso me apoiar em mim, nos meus aprendizados, nas minhas evoluções, nas minhas mudanças. Entendi que amar você também é confiar no plano que a vida tem para você, confiar que você poderá escolher o caminho correto.

Entendi que nem sempre o amor é a escolha que precisamos. É como um caminho que se bifurca, e cada um segue em direção ao seu destino. Entendi que nada do que vejo é uma verdade absoluta, mas sim uma pisca de todas as possibilidades que existem neste universo. É como olhar para o céu estrelado e perceber que cada estrela tem sua própria história. Estou entendendo que só posso me ocupar da minha parte, que só posso fazer o que me traz paz, para poder seguir em frente. É como um rio que busca o mar, sem se preocupar com os obstáculos que encontra pelo caminho.

Gosto de acreditar que, de alguma forma, nossas intenções e nossos sentimentos vão chegar à vida do outro no momento em que mais precisarem, como um presente que é guardado para uma ocasião especial. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas no tempo certo. É como se esses sentimentos ficassem suspensos em um campo energético, esperando o momento de abertura para ingressar. Gosto de pensar que nada se perde, que tudo se transforma, como a água que evapora e se transforma em nuvem, para depois retornar à terra em forma de chuva.

Entendi que te ver como te vejo me faz sentir bem, independentemente de como você me queira ver. É como um artista que cria sua obra, sem se importar com a opinião do público. Entendi que não preciso te deixar ir, porque você nunca foi meu, como a lua que não pertence a ninguém, mas ilumina a todos. Entendi que não preciso de você para te amar, e que amar você não significa que eu não possa estar aberto a essas infinitas possibilidades que a vida tem para mim.

ESCRITO 18

Hoje um amigo me convidou para a praia de Ipanema, e me dei conta de que ainda não posso. Ipanema, de alguma forma, carrega o seu nome, como um fantasma que ronda meus pensamentos. O simples fato de pensar que poderia cruzar com você me fez entrar em ansiedade, como se um vulcão estivesse prestes a entrar em erupção dentro de mim.

É como se, ao considerar essa ideia, minha respiração se encurtasse, como se um peso enorme estivesse pressionando meu peito. Essa sensação é realmente nova para mim, como um caminho desconhecido que se abre diante dos meus olhos. Decidi respeitar o que meu corpo está manifestando, e sei que, por enquanto, Ipanema não é o meu lugar.

Não saberia o que fazer se te visse. Não saberia se te cumprimentaria, se te olharia, se te ignoraria. É como se estivesse diante de um labirinto sem saída, sem saber qual caminho tomar. Sinceramente, já não sei o que fazer, e ao mesmo tempo, sei que tudo o que eu imaginar que poderia fazer nesses momentos não vai acontecer.

Quero te ver, quero te encontrar, mas não assim, não a partir desses lugares, não a partir dessas feridas. Teríamos que ter entrado no mundo um do outro com mais cuidado, com mais lentidão, como um artesão que esculpe uma obra de arte com paciência e precisão. Teríamos que estar mais conscientes de que o outro também tem suas dores, e é realmente difícil, porque muitas vezes não somos conscientes de que essas feridas nos habitam, eu, pelo menos, não sabia.

Entendo que todas essas experiências nos tornam mais conscientes de quem estamos sendo, do que queremos e do que precisamos curar. É como um escultor que, com cada golpe de martelo, molda a pedra bruta, revelando a beleza que existe em seu interior. Sei que é necessário. Mas hoje, pelo menos, quero caminhar na ponta dos pés em meu interior, enquanto atravesso essa falta de ter você, como um viajante que busca o caminho de volta para casa.

Ainda não estou pronto para te cruzar acidentalmente, e acredito que isso me machucaria. Ipanema carrega seu nome, seu cheiro, sua energia, como um espelho que reflete a imagem de um amor que se foi. Ipanema é seu território, e por enquanto, também renuncio a ele.

ESCRITO 19

O espelho, implacável, refletia a imagem de um homem em guerra consigo mesmo. A cada movimento, a cada flexão, a cada gota de suor, a sensação de sufoco se intensificava. Era como se a própria alma estivesse sendo espremida, buscando um escape que não encontrava.

"Solta", sussurrei para o meu reflexo, a voz rouca de quem finalmente reconhece a verdade. "Você também merece um vínculo saudável. Você fez tudo o que podia." Foi como girar uma chave enferrujada, abrindo uma porta que se mantinha fechada há tanto tempo.

O peso do desapego, um nó na garganta, um aperto no peito. O coração, ferido, se recolhia, buscando abrigo em si mesmo. A consciência, porém, se mantinha firme, como um farol em meio à tempestade.

"Você merece algo bom", a voz do meu cérebro, agora em sintonia com o meu coração, me lembrava. "Você é uma boa pessoa, e o tempo da dor precisa acabar."

Sim, minhas maneiras de sentir são intensas, como um vulcão adormecido, pronto para entrar em erupção a qualquer momento. E sei que as suas também são. Talvez seja por isso que nos bloqueamos emocionalmente, para que nossos sentimentos não nos destruam.

A imagem do coração e do cérebro em luta pelo equilíbrio, buscando um ponto de paz, se tornava mais clara. O cérebro, finalmente, conquistava o controle, guiando-me para um novo caminho, um caminho de cura e autoconhecimento.

Mas a dor, essa dor que se instala como um fantasma, ainda paira sobre mim. E, por mais que eu me esforce para seguir em frente, sei que a cicatriz deixada por esse amor, por essa entrega, por essa intensidade, jamais será apagada.

E, talvez, seja essa a beleza da vida, a capacidade de amar com tamanha intensidade, mesmo que a dor seja o preço a ser pago.

ESCRITO 20

Intentei tudo o que pude.

A porta da partida se abre, e a alma, leve e serena, segue em direção a um novo horizonte, carregando consigo a lembrança do amor vivido, a força da superação, a promessa de um novo amanhecer.


The end.

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